A minha mente recria pedaços
Dos momentos mais gratificantes
Invade-me um certo cansaço
Dos que foram mais significantes
São momentos d'amor, em suspensão
Que ficam a pairar, doces, no tempo
E sempre fazem mossa ao coração
Que o coração abriga esse lamento
Já cai a noite vã e silente
A confusão gera-se no peito
Então a dor torna-se mais ardente
No pulsar do coração desfeito
Sim, é na noite que se acentua a mágoa
E o turbilhão na mente é mais aceso
Mas há sangue nas veias, e não água
E ele ferve d'amor e nele está preso
Felizes, no imenso abraço
Diante da dúvida, deixei-te partir
Tendo sido eu a cortar esse laço
Achaste que era tempo e me soltaste
Deixaste então parar o coração
Cerrando os dentes c'o crer qu'enterraste
Lembro inda hoje esse dilema;
Se à bruma não tivesse dado espaço
Como seria a solução extrema?
Foi um dual impulso e árdua a decisão
Crucial a inquirição que a ti fizeste;
Se exercer a vontade, ou servir a razão.