A Saga de João
João dissera que sua vida tinha sido uma revolução de sonhos que invadiam a mente, alimentavam o espírito e se materializavam enquanto ele vagava livremente de um lado para o outro.
Ele era um compatriota do caminho, caroneiro do destino sempre pronto para embarcar numa nova aventura, num novo labor e numa nova idéia para saciar o insaturável desejo de renascer a cada instante de mãos dadas com o original, o desconhecido e o recente.
João seguiu sua trilha alegre, exuberante e satisfeito. A vida era plena, regozijadora e paradisíaca. Então, um dia ele decidiu embarcar na mais augusta de todas as fortunas, mas daquele dia em diante, lembrava tristemente João, o céu havia se nublado, os sonhos haviam começado a minguar e a inércia tinha começado a assolar todo o seu ser até que, desesperado, ele procurou entender o porquê daquele infortúnio.
Assim, percebeu que a aventura que era para ser libertadora, o tinha escravizado, o que era para ser motivador, o tinha sugado, o que era para ser auxiliador, o tinha limitado, o que era para ser conscientização, o tinha julgado, o que era para ser amor, tinha se transformado em posse, o que era para ser luz, tinha virado escuridão, o que era para ser mútuo, havia se tornado egoísta, o que era para ser uma panacéia, transformara-se em maligna e o que era para ser vivificador, o tinha matado.
Tal desgraçada infortuna teve sua gênese no dia do seu casamento.
Tudo isso aconteceu porque a companheira, a mulher, a alma que ele havia escolhido para complementá-lo, tinha desvirtuado todos os preceitos de apoio mútuo que deviam prevalecer entre um casal e, como resultado, se tornou uma ladra, uma usurpadora e uma algoz das virtudes, das vontades e dos sonhos de João.
Então, João que era todo alegria se tornou tristeza, que era completamente amor se tornou rancor, que era intensa luz, se tornou crepúsculo, que era simplesmente João, se tornou ninguém e, ao se tornar ninguém, nem mesmo João sabia o que era e, por não saber o que era, deixou de ser tudo o que um dia tinha sido, inclusive e simplesmente, João. (Tadany – 19 12 06)
PS: Para citar este texto:
Cargnin dos Santos, Tadany. A Saga de João. www.tadany.org®
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