Língua de serpente
Acordou xingando tudo, tudo o que existia ao seu redor
Tão tenebrosa, como se tivesse despertado do lado avesso da cama
Passaram-se os anos, seguiu insultando, maltratando, e assim cresceu sua fama
Por onda passava, era um vendaval de maldições
Quando chegava, as pessoas seguiam em outras direções
Às vezes sentia-se só, então, para chamar a atenção
Puteava qualquer um, fosse criança, adulto ou ancião
Um dia, até a morte se cansou de suas obscenas vociferações
E numa talagada certeira, lhe tirou a vida e suas árduas reclamações
Nunca num povoado, uma partida foi tão celebrada
Como aquela morte, que por muitos era constantemente desejada
Mas apesar do constante ultraje que causava sua presença
O tempo demonstrou que o povo gostava de sua previsível desavença
E começaram a falar de sua pessoa, exaltar sua liberdade, sua insultante sapiência
Até que a imortalizaram num encontro semanal, no clube terapêutico da maledicência
Nestes dias, oravam frente sua foto e, ao mesmo tempo, vociferavam avalanches de palavrões
Depois regressavam às suas casas exaustos, mas com uma sutil leveza em seus corações
Acreditando que até as ofensivas palavras, possuem suas curativas predileções.
(Tadany – 14 11 10)
PS: Para citar este Poema:
Cargnin dos Santos, Tadany. Língua de serpente. www.tadany.org®
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