A importância da prece diária (2 textos)
I – Modo de Orar  (O Evangelho Segundo o Espiritismo)
V. MONOD
Bordeaux, 1862
            22 – O primeiro dever de toda  criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar o seu retorno à atividade  diária, é a prece. Vós orais, quase todos, mas quão poucos sabem realmente  orar! Que importam ao Senhor as frases que ligais maquinalmente uma às outras,  porque já vos habituastes a repeti-las, porque é um dever que tendes de  cumprir, e que vos pesa, como todo o dever?
            A prece do cristão, do Espírita,  principalmente,de qualquer culto que seja (1) , deve ser feita no momento em que  o Espírito retoma o jugo da carne, e deve elevar-se com humildade aos pés da  Majestade Divina,mas também com profundeza, num impulso de reconhecimento por  todos os benefícios recebidos até esse dia. E de agradecimento, ainda, pela  noite transcorrida, durante a qual lhe foi permitido, embora não guarde a  lembrança, retornar junto aos amigos e aos guias, para nesse contato haurir  novas forças e mais perseverança. Deve elevar-se humilde aos pés do Senhor,  pedindo pela sua fraqueza, suplicando o seu amparo, a sua indulgência, a sua  misericórdia. E deve ser profunda, porque é a vossa alma que deve elevar-se ao  Criador, que deve transfigurar-se, como Jesus no Tabor, para chegar até Ele,  branca e radiante de esperança e de amor.
            Vossa prece deve encerrar o pedido  das graças de que necessitais, mas de que necessitais realmente. Inútil,  portanto, pedir ao Senhor que abrevie a vossa provas, ou que vos dê alegrias e  riquezas. Pedi-lhe antes os bens mais preciosos da paciência, da resignação e  da fé. Evitai dizer, como o fazem muitos dentre vós: "Não vale a pena orar,  porque Deus não me atende". O que pedis a Deus, na maioria das vezes? Já vos  lembrastes de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh, não, tão poucas vezes! O  que mais vos lembrais de pedir é o sucesso para os vossos empreendimentos  terrenos, e depois exclamais: "Deus não se preocupa conosco; se o fizesse, não  haveria tantas injustiças!" Insensatos, ingratos! Se mergulhásseis no fundo da  vossa consciência, quase sempre ali encontraríeis o motivo dos males de que vos  queixais. Pedi, pois, antes de tudo, para vos tornardes melhores, e vereis que  torrentes de graças e consolações se derramarão sobre vós! (Ver cap. V, nº 4).
            Deveis orar incessantemente, sem  para isso procurardes o vosso oratório ou cairdes  de joelhos nas praças públicas. A prece  diária é o próprio cumprimento dos vossos deveres, mas dos vossos deveres sem  exceção, de qualquer natureza que sejam. Não é um ato de amor para com o Senhor  assistirdes os vossos irmãos numa necessidade qualquer, moral ou física? Não é  um ato de reconhecimento a elevação do vosso pensamento a Ele, quando uma  felicidade vos chega, quando evitais um acidente, ou mesmo quando uma simples  contrariedade vos aflora à alma, e dizeis mentalmente: "Seja bendito, meu  Pai!"?  Não é um ato de contribuição,  quando sentis que falistes, dizerdes humilde para o Supremo Juiz, mesmo que  seja num rápido pensamento: "Perdoai-me, Deus meu, pois que pequei (por  orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dai-me a força de não tornar a  falir, e a coragem de reparar a minha falta"?
            Isto independe das preces regulares  da manhã e da noite, e dos dias consagrados, pois, como vedes a prece pode ser  de todos os instantes, sem interromper os vosso afazeres; e até, pelo  contrário, assim feita, ela os santifica. E não duvideis de que um só desses  pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido por vosso Pai celestial do que  as longas preces repetidas por hábitos, quase sempre sem um motivo imediato,  apenas porque a hora convencional maquinalmente vos chama.
(1) Nos primeiros tempos, os adeptos  do Espiritismo ainda permaneciam muitas vezes ligados às igrejas de que  provinham. O mesmo aconteceu também com o Cristianismo dos primeiros tempos.  (N. do T.)
Centenas  de textos para estudo e reflexão:
IMPORTÂNCIA DA PRECE
DEFINIÇÃO  
Prece/Oração
Prece:   (...) é um apoio para a alma,contudo,não basta,é preciso por base uma fé  viva na bondade de Deus.(E.seg.o esp.cap.v,it.18)
Oração:  (...) Oração não é palavra, é sentimento. Um  olhar da alma ,fixo no céu, vale mais que mil rosários rezados rotineiramente.(  Amália Domingos Sóler em: Fragmentos das memórias do Padre Germano,cap.VI,pag.62)
      A legitima acepção do vocábulo orar não é apenas suplicar, louvar,  reclamar ou requerer, é sobretudo sintonizar pensamentos e emoção, construir  fecundas conjugações mentais, estabelecer circuito de poderosas energias  construtivas.
            Hernani  T. Santana em:  Correio Entre Dois  Mundos. (oração, pág. 131).
            Poderíamos  dizer que a prece é uma projeção do pensamento, a partir do qual irá se  estabelecer uma corrente fluídica cuja intensidade dependerá do teor vibratório  de quem ora, e nisto reside o seu poder e o seu alcance, pois nesta relação  fluídica o homem atrai para si a ajuda dos Espíritos Superiores a lhe inspirar  bons pensamentos. Por que pensamentos? Porque são a origem da quase totalidade  de nossas ações.(Primeiro pensamos depois agimos). 
            Poderíamos  dizer também que a prece é uma invocação e que por meio dela pomos o pensamento  em contato com o ente a quem nos dirigimos. 
            A  prece é a expressão de um  sentimento que sempre alcança a Deus, quando ditada pelo coração de quem ora. 
MECANISMO  DA PRECE
           O Espiritismo faz compreender a ação  da prece explicando o processo da transmissão do pensamento, quer o ser por  quem se ora venha ao nosso chamado, quer o nosso pensamento chegue até ele.
            Para  compreender o que se passa nessa circunstância, convêm considerar todos os  seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no mesmo fluido universal que  ocupa o espaço, como neste planeta estamos nós na atmosfera. O ar é o veículo  do som com a diferença que as vibrações do ar são circunscritas ao planeta  Terra, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.
            Então,  logo que o pensamento é dirigido para um ser qualquer na Terra ou no espaço, de  encarnado a desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de  um para o outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. A  energia da corrente está na razão da energia do pensamento e da vontade. É por  esse meio que a prece é ouvida pelos espíritos onde quer que estejam; que eles  se comunicam entre si; que nos transmitem as suas inspirações; que as relações  se estabelecem a distância, etc.
As preces devem ser feitas  diretamente ao Criador, mas também pode ser-lhe endereçada por intermédio dos  bons Espíritos, que são os Seus mensageiros e executores da Sua vontade. Quando  se ora a outros seres além de Deus, é simplesmente como a intermediários ou  intercessores, pois nada se pode obter sem a vontade de Deus.
PODER  DA PRECE
O poder da prece está no  pensamento, e não depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que  é feita. Pode-se, pois, orar em qualquer hora, a sós ou em conjunto. A influência  do lugar ou do tempo depende das circunstâncias que possam favorecer o  recolhimento. 
O essencial é orar com sinceridade e aceitar os  próprios defeitos, porque a prece não redime as faltas cometidas; aquele que  pede a Deus perdão pelos seus erros, só o obtêm mudando sua conduta na prática  do bem. Deste modo, as boas ações são a melhor prece, e por isso os atos valem  mais do que as palavras.
Através da prece pode-se  ainda fazer o bem aos semelhantes, porque o Espírito que ora, atuando pela  vontade de praticar o bem, atrai a influência de Espíritos mais evoluídos que  se associam ao bem que se deseja fazer.
Entretanto, a prece não  pode mudar a natureza das provas pelas quais o homem tem que passar, ou até  mesmo desviar-lhe seu curso, e isto porque elas (..) estão nas mãos de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas  Deus leva sempre em conta a resignação.
Deve-se considerar,  também, que nem sempre aquilo que o homem implora corresponde ao que realmente  lhe convém, tendo em vista sua felicidade futura. Deus, em Sua onisciência e  suprema bondade, deixa de atender ao que lhe seria prejudicial.
Todavia, as súplicas  justas são atendidas mais vezes do que supomos, podendo a resposta a uma prece  vir por meios indiretos ou por meios de idéias com as quais saímos das  dificuldades.
A prece em favor dos  desencarnados não muda os desígnios de Deus a seu respeito; contudo, o Espírito  pelo qual se ora experimenta alívio e conforto ao receber o influxo amoroso dos  entes que compartilham de suas dores. Além do mais, o efeito benéfico da prece  sobre o desencarnado é tal, que pode levá-lo à conscientização das faltas  cometidas e ao desejo de fazer o bem:
É  nesse sentido que se pode abreviar a sua pena, se do seu lado ele contribui com  a sua boa vontade. Esse desejo de melhora, excitado pela prece, atrai para o  Espírito sofredor os Espíritos melhores que vêm esclarecê-lo, consolá-lo e  dar-lhe esperanças (LE,  664).
A prece harmoniza o tom vibratório do  indivíduo, revitaliza o metabolismo perispiritual, reorganizando o campo das  moléculas, resultando em ação salutar
Assim a prece evita doenças  originárias de vibrações desorganizadas da mente desequilibrada.
A questão da prece é tão importante  que o Dr. Sang Lee, médico, autor de livros, teria comprovado, regenerações  celulares, já desenganadas por outros médicos, através do eficiente tratamento  médico e orações, momento em que se reunia com os enfermos e faziam juntos  orações em prol de suas curas, tendo logrado êxito em várias experiências como  essa, tudo isso citado didaticamente em seu livro Saúde, novo estilo de vida.
"Sem a oração, dificultamos o nosso  maior aliado no fortalecimento de nossas defesas orgânicas – a esperança.  Quando a esperança nos abandona, tornamos extremamente difícil a produção de  qualquer substância orgânica que nos faça fortalecer nosso corpo, nossas  células.
A esperança faz toda a diferença.  Todos precisamos de esperança para prosseguir na luta pela vida e por mais  saúde, ou recuperação dela. A esperança, porém, pode ser exercitada, comecemos  mudando nosso modo de ver as coisas, acreditando que há uma causa que deságüe  sempre numa conseqüência, e que nada na vida é por acaso, para tudo existe uma  explicação e que Deus nos ama, e quer que possamos ser felizes. 
A falta de perspectiva, ou a falta de  esperança, abate nossas forças minando nossa coragem de viver, fazendo-nos  doentes."
O poder da prece exerce modificações  substanciais e profundas nas situações de fraqueza emocional que muitas das  vezes nos torna criaturas sempre pessimistas. Quando oramos abrimos possibilidades  para que a luz se faça perene em nosso derredor e possibilitamos receptividade  para que Deus, através de seus emissários nos auxilie e nos fortaleça. Neste  caso a prece abre cominhos mentais e espirituais para o caminho mais direto da  redenção. Um único e mínimo ponto de luz que façamos já é bastante suficiente  para destruir ou minorizar as impregnações de desanimo, depressão, desilusão e  as forças contrárias, que não nos desejam a felicidade, afastando de nós os  sentimentos muitas vezes alimentados também por focas exteriores, de vingança,  ódio e ressentimento.
É importante que busquemos a prece em  nossa prática diária, pois nos beneficiaremos quando orarmos e também quando  alguém ora por nós. 
É igualmente real que essas misérias  resultam de infringirmos as leis de Deus, e que, se as observássemos,  fielmente, seríamos perfeitamente felizes. Se não excedêssemos o limite do  necessário na satisfação das nossas necessidades, evitaríamos as enfermidades  que são a conseqüência dos excessos, e as vicissitudes a que essas moléstias  nos arrastam; se limitássemos as nossas ambições, não teríamos a ruína; se não  quiséssemos subir além do que podemos, não teríamos a queda; se fôssemos  humildes, não passaríamos pela decepção de ver abatido o nosso orgulho; se  praticássemos a lei da caridade, não seríamos mendigos, nem invejosos, ou  ciumentos; evitaríamos as questiúnculas e as dissensões; se não fizéssemos mal  aos outros, não recearíamos as vinganças, etc.
Admitindo que o homem nada possa  contra os outros males, e que a prece seja ineficaz para deles preservá-lo, já  não será bastante que possa libertar-se de todos os que provêm de si mesmo?  Ora, aqui a ação da prece se concebe facilmente, pois tem por fim obter a  inspiração salutar dos bons Espíritos e a força para resistir aos maus  pensamentos, cuja execução pode ser funesta. Neste caso, não é o mal que eles  desviam, mas o nosso mau pensamento que, aliás, nos pode causar grande mal; não  embaraçam, em coisa alguma, os decretos de Deus; não suspendem o curso das leis  da Natureza; apenas impedem que infrinjamos essas leis dirigindo o nosso  livre-arbítrio. Mas fazem-no sem que o saibamos, de modo oculto, para não nos  tolher a vontade.
O homem ficará, então, na posição de  quem solicita bons conselhos e os põe em prática, mas conservando sempre a  liberdade de os seguir ou não. Deus assim o quer para que o homem tenha  responsabilidade dos seus atos e para lhe deixar o mérito da escolha entre o  bem e o mal. Isso, o homem pode ter a certeza de obter sempre, se pede com  fervor. A esse caso é que se aplicam estas palavras do Evangelho: «Pedi e  obtereis.» 
Exemplos  do poder da Prece:  
 1- Caridade e oração, Lindos Casos de Chico  Xavier – Ramiro Gama
"O  Centro Espírita Luiz Gonzaga" ia seguindo para a frente... Certa feita,  alguns populares chegaram à reunião pedindo socorro para um cego acidentado. O  pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da  Central do Brasil, na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, precipitando-se  ao solo, de uma altura de quatro metros. O guia desaparecera e o cego vertia  sangue pela boca. Sozinho, sem ninguém... Chico alugou pequeno pardieiro, onde  o enfermo foi asilado para tratamento médico. Caridoso facultativo receitou,  graciosamente. Mas o velhinho precisava de enfermagem. O médium velava junto  dele à noite, mas durante o dia precisava atender às próprias obrigações na  condição de caixeiro do Sr. José Felizardo. Havia, por essa época, 1928, uma  pequena folha semanal, em   Pedro Leopoldo. E Chico providenciou para que fosse publicada  uma solicitação, rogando o concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao  cego Cecílio, durante o dia, porque à noite, ele próprio se responsabilizaria  pelo doente. Alguém que pudesse ajudar. Não importava que o auxílio viesse de  espíritas, católicos ou ateus. Seis dias se passaram sem que ninguém se  oferecesse. Ao fim da semana, porém, duas meretrizes muito conhecidas na cidade  se apresentaram e disseram-lhe: - Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se  pudermos servir... - Ah! Como não? - replicou o médium - Entrem, irmãs! Jesus  há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, as mulheres  oravam com o Chico, ao pé do enfermo. Decorrido um mês, quando o cego se  restabeleceu, reuniram-se pela derradeira vez, em prece, com o velhinho feliz.  Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam.  Então, uma delas disse ao médium: - Chico, a prece modificou a nossa vida.  Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar. E  uma passou a servir numa tinturaria, desencarnando anos depois e a outra  conquistou o título de enfermeira, vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz.
 2- Texto de Octávio  Caúmo Serrano
Uma  pobre senhora, com visível ar de derrota estampado no rosto, entrou num  armazém, aproximou-se do proprietário, conhecido pelo seu jeito grosseiro, e  lhe pediu fiado alguns mantimentos. Ela explicou que o seu marido estava muito  doente e não podia trabalhar e que tinha sete filhos para alimentar.
O  dono do armazém zombou dela e pediu que se retirasse do seu estabelecimento.
Pensando  na necessidade da sua família ela implorou: "Por favor senhor, eu lhe darei o  dinheiro assim que eu tiver...", ao que ele respondeu ela não tinha crédito e  nem conta, na sua loja.
Em  pé, no balcão ao lado, um freguês que assistia à conversa entre os dois, se  aproximou do dono do armazém e lhe disse que ele deveria dar o que aquela  mulher necessitava para a sua família, por sua conta.
Então,  o comerciante falou, meio relutante, para a pobre mulher: "Você tem uma lista  de mantimentos?" "Sim", respondeu ela. "Muito bem, coloque a sua lista na  balança e o quanto ela pesar, eu lhe darei em mantimentos". A pobre mulher  hesitou, por uns instantes, e, com a cabeça curvada, retirou da bolsa um pedaço  de papel, escreveu alguma coisa e o depositou, suavemente, na balança. Os três  ficaram admirados, quando o prato da balança, com o papel, desceu e permaneceu  embaixo. Completamente pasmado com o marcador da balança, o comerciante  virou-se, lentamente, para o seu freguês e comentou contrariado: "Eu não posso  acreditar!". O freguês sorriu e o homem começou a colocar os mantimentos no  outro prato da balança. Como a escala da balança na equilibrava, ele continuou  colocando mais e mais mantimentos, até não caber mais nada. O comerciante ficou  parado, ali, por uns instantes, olhando para a balança, tentando entender o que  havia acontecido. Finalmente, ele pegou o pedaço de papel da balança e ficou  espantado, pois não era uma lista de compras e sim uma oração que dizia:
"Meu  Senhor, o Senhor conhece as minhas necessidades e eu estou deixando isto em  suas mãos..."
O  homem deu as mercadorias para a pobre mulher, no mais completo silêncio, que  agradeceu e deixou o armazém. O freguês pagou a conta e disse: "Valeu cada  centavo..."
Só  mais tarde, o comerciante pôde reparar que a balança havia quebrado.  Entretanto, só Deus sabe o quanto pesa uma prece...
MANEIRA DE  ORAR
Pela  prece podemos fazer três coisas louvar, pedir e agradecer (LE, 659).
Louvar  é enaltecer os desígnios  de Deus sobre todas as coisas, aceitando-O como Ser Supremo, causa primária de  tudo o que existe, bendizendo-Lhe o nome.
Pedir é recorrer ao Pai Todo-Poderoso em  busca de luz, equilíbrio, forças, paciência, discernimento e coragem para lutar  contra as forças do mal; enfim, tudo, desde que não se contrarie a lei de amor  que rege e sustenta a Harmonia Universal.
Agradecer é reconhecer as inúmeras bênçãos  recebidas, ainda que em diferentes graus de entendimento e aceitação: a  alegria, a fé, a bênção do trabalho, a oportunidade de servir, a esperança, a  família, os amigos, a dádiva da vida.
O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato  que deve assinalar o seu retorno à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos  oram, mas muito poucos sabem orar! Que importância terão perante o Senhor as  frases que juntais umas às outras, sem compreender o que dizeis, por ser vosso  hábito e um dever que cumpris, e que como todo dever vos pesa?
A prece do cristão, do espírita ou de qualquer outro culto deve ser feita logo ao  acordar, quando o Espírito retomou o domínio do corpo após o sono. Deve  elevar-se em agradecimento aos pés da Majestade Divina com humildade, do fundo  da alma, agradecendo todos os benefícios recebidos até aquele dia; pela noite  transcorrida, durante a qual vos foi permitido, embora inconscientemente, ir  até junto de vossos amigos, vossos guias, para renovar, ao contato com eles,  vossas forças e confiança. A prece deve elevar-se humilde aos pés do Senhor, para  Lhe confessar a vossa fraqueza, e suplicar amparo, indulgência e misericórdia.  Ela deve ser profunda, pois é vossa alma que deve se elevar em direção ao  Criador, devendo transfigurar-se como Jesus no Tabor*, e chegar ao Senhor,  branca e radiosa de esperança e de amor.
Vossa prece deve conter o pedido das graças de que tendes  necessidade, mas das autênticas necessidades. É inútil pedir ao Senhor para  encurtar vossas provas, para vos dar alegrias e riquezas.  Rogai-lhe para vos conceder os bens mais  preciosos: a paciência, a resignação e a fé. Não deveis dizer, como acontece  com muitos entre vós: "Não vale a pena orar, uma vez que Deus não me atende".  Que pedis a Deus, na maior parte das vezes? Já vos lembrastes de pedir lhe a  vossa melhoria moral? Não. Poucas vezes o fazeis. Contudo, estais sempre  pedindo o sucesso em vossos  empreendimentos na Terra, e freqüentemente dizeis: "Deus não se ocupa  conosco; se o fizesse, não haveria tantas injustiças". Insensatos! Ingratos! Se  analisásseis honestamente o fundo de vossa consciência, encontraríeis quase  sempre, em vós mesmos, o ponto de partida dos males dos quais vos lamentais.  Pedi, antes de todas as coisas, vossa melhoria, e vereis que imensidão de  graças e de consolações se derramarão sobre vós.  (Veja nesta obra Cap. 5:4.)
Deveis orar sempre sem que, para isso, seja preciso vos  recolherdes ao vosso oratório, ou vos exibirdes de joelhos nas praças públicas.  Durante a jornada diária de trabalho, a prece deve constar como parte do  cumprimento dos vossos deveres, qualquer que seja a natureza deles, sem  exceção. Não é um ato de amor para com o Senhor assistir os vossos irmãos em  qualquer necessidade, moral ou física? Não é um ato de reconhecimento elevar o  vosso pensamento a Deus quando uma felicidade vos chega, um acidente é evitado,  até mesmo quando uma contrariedade vos atinja somente de leve? Portanto, deveis  sempre agradecer em pensamento: Sede  abençoado, meu Pai! Não é um ato de arrependimento humilhar-vos diante  do Juiz Supremo quando sentirdes que falhastes, ainda que por um breve pensamento,  e dizer-Lhe: Perdoai-me, meu Deus,  pois pequei (por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dai-me a força  para não mais falhar e a coragem de reparar o meu erro?
Deveis proceder desta maneira independentemente das  preces regulares da manhã, da noite e dos dias consagrados. Como vedes, a prece  pode ser feita a todos os instantes, sem trazer nenhuma interrupção aos vossos  trabalhos, e, se assim fizerdes, ela os santificará. Acreditai que apenas um  destes pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido por vosso Pai Celestial  do que as longas preces ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinada,  às quais a hora convencionada vos  lembra automaticamente que chegou o momento da prece.  
V. Monod - Bordeaux, 1862
A  FELICIDADE QUE A PRECE OFERECE
Vinde, vós que desejais crer. Os Espíritos celestes vêm  vos socorrer e anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre seus tesouros  para vos dar todos os seus benefícios.   Homens de pouca fé!  Se soubésseis  o quanto a fé faz bem ao coração e leva a alma ao arrependimento e à prece! A  prece! Como são tocantes as palavras que saem   dos lábios na hora da prece! A prece é o orvalho divino que tranqüiliza  o calor excessivo das paixões. A prece, filha primeira da fé, nos conduz ao  caminho que nos leva a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus.  Para vós, não há mais mistérios: na prece Deus se revela. Apóstolos do  pensamento, a prece vos leva a conhecer a verdadeira vida. Vossa alma se  desprende da matéria e se eleva a mundos infinitos e celestes que os pobres  humanos desconhecem.  
Caminhai, caminhai pelas sendas da prece, e ouvireis as  vozes dos anjos. Que harmonia! Não é mais o ruído confuso e os sons estridentes  da Terra; são as liras dos arcanjos; são as vozes doces e suaves dos serafins,  mais leves que as brisas da manhã quando brincam nas folhagens de vossos  bosques. Em que delícias caminhareis!   Vossa linguagem é pobre para poder definir a felicidade que vos  envolverá, por assim dizer, por todos os poros, quando, ao orar, se atinge essa  fonte de frescor e de vida! Doces vozes, deliciosos perfumes, que a alma ouve e  sente quando se lança nessas esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Sem  o peso dos desejos carnais, todas as aspirações são divinas. E vós também orai  como o Cristo levando sua cruz ao Gólgota, ao Calvário.
Carregai a vossa cruz, e sentireis em vossas almas as  mesmas doces emoções que o Senhor sentiu, embora carregando a cruz infame.  O Senhor ia morrer, mas para viver a vida  celeste na morada do Pai.
Santo  Agostinho - Paris, 1861
EFICÁCIA DA  PRECE
Seja o que for que peçais na  prece, crede que o obtereis, e vos será concedido. (Marcos, 11:24)
Há pessoas que contestam a eficiência da prece,  baseando-se no fato de que, se Deus conhece nossas necessidades, não é  necessário que as revelemos. Acrescentam ainda que, como tudo se encadeia no  Universo pelas leis eternas, nossas preces não podem mudar as leis de Deus.
Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que Deus  não anulará conforme os caprichos de cada um. Mas daí a se acreditar que todas as  circunstâncias da vida estejam submetidas ao que se usa chamar de fatalidade,  há uma grande diferença. Se fosse assim, o homem seria apenas um instrumento  passivo, sem livre-arbítrio• e sem iniciativa e, neste caso, só lhe restaria  curvar a cabeça aos golpes dos acontecimentos, sem procurar evitá-los;  não tentaria procurar desviar-se dos perigos.  No entanto, Deus deu ao homem a razão e a inteligência para utilizar-se delas,  deu-lhe a vontade para querer; a atividade para ser ativo. Porém, tendo o homem  liberdade de ação em todos os sentidos, seus atos lhe acarretam para si e para  os outros conseqüências conforme o que faça ou deixe de fazer. É por essa razão  que certos acontecimentos acabam, obrigatoriamente, escapando ao que costumamos  chamar de fatalidade, mas que em nada alteram a harmonia das leis universais,  da mesma maneira que o avanço ou o retardamento dos ponteiros de um relógio não  anula a lei do movimento que rege o seu mecanismo. Deus pode, portanto, atender  a alguns pedidos sem alterar a imutabilidade das leis que regem o conjunto,  desde que se submetam à sua soberana vontade.
Não há lógica em deduzir-se deste ensinamento: Tudo aquilo que pedirdes pela prece vos será  concedido, que basta pedir para se obter. É injusto acusar a Providência  de não atender a todo pedido 261 que lhe é feito, porque ela sabe, melhor do  que nós, o que é para o nosso bem. Assim procede um pai sábio, que recusa ao  seu filho as coisas que lhe seriam prejudiciais. Geralmente, o homem vê apenas  o presente. Em vista disso, se o sofrimento é útil à sua felicidade futura,  Deus o deixará sofrer, tal como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores  de uma operação que lhe trará a cura.   Deus sempre lhe dará a coragem, a paciência e a resignação, quando se  dirigir a Ele com confiança, e lhe inspirará os meios de se livrar das  dificuldades por si mesmo, ajudado pelas idéias que fará os bons Espíritos lhe  sugerir, deixando-lhe, assim, o mérito da ação.   Deus ampara aos que se ajudam a si mesmos, conforme o ensinamento:  Ajudai-vos  e o Céu vos ajudará, mas não aos que tudo esperam de um socorro alheio  sem fazer uso de suas próprias capacidades.   Infelizmente, a maioria prefere ser socorrida por um milagre do que ter  que fazer algum esforço. (Veja nesta obra Cap. 25:1 e seguintes.)
Tomemos um exemplo: um homem está perdido num deserto,  sofre terrivelmente de sede, sente-se desfalecer. Cai ao chão; pede a Deus para  ampará-lo e espera; nenhum anjo lhe vem dar de beber.  Contudo, um bom Espírito lhe sugere a idéia  de levantar-se e seguir um dos atalhos que vê diante de si. Então, por um  impulso instintivo, reúne suas forças, levanta-se e anda. Chega a uma elevação  e descobre, ao longe, um riacho; nesse momento retoma a coragem. Se tiver fé,  exclamará: "Obrigado, meu Deus, pelo pensamento que me inspirastes e pela força  que me destes". Se não tiver fé, dirá: "Que boa idéia eu tive! Que sorte de  tomar o atalho da direita e não o da esquerda;   algumas vezes, a sorte realmente nos ajuda! Quanto me felicito por minha coragem e por não ter me  deixado abater!"
Mas, se dirá, por que o bom Espírito não lhe disse  claramente:  "Siga este atalho e  encontrará o que necessita"? Por que não se mostrou para guiá-lo e sustentá-lo  no seu desfalecimento? Desse modo, o teria convencido da intervenção da Providência.  Foi, antes de mais nada, para lhe ensinar que é preciso ajudar-se a si mesmo e  fazer uso de suas próprias forças. Depois, pela incerteza, Deus coloca à prova  a confiança que depositamos n'Ele e a nossa submissão à sua vontade.  Aquele homem estava na situação da criança  que cai e que, ao perceber alguém, grita e espera que a levantem. Se não vê  ninguém, faz um esforço e se levanta sozinha.
Se o anjo que acompanhou Tobias• lhe tivesse dito: "Sou  enviado por Deus para te guiar em tua viagem e te proteger de todo o perigo",  Tobias não teria tido nenhum mérito. Confiaria em seu acompanhante e não teria  tido necessidade nem de pensar; foi por isso que o anjo apenas se deu a  conhecer na volta.  O poder da prece está  no pensamento, não depende nem de palavras, nem do lugar, nem do momento, nem  da forma como é feita.  Pode-se orar em  qualquer lugar e a qualquer hora, sozinho ou com mais pessoas. A influência do  lugar ou do tempo de duração só se faz sentir nas condições que podem favorecer  a meditação. A prece em conjunto tem  uma ação mais poderosa quando todos os que oram se associam de coração a um  mesmo pensamento e têm um mesmo objetivo, porque, então, é como se  muitos clamassem a uma só voz. Mas o que valerá estarem reunidos num grande  número para orar se cada um atuar isoladamente e por sua própria conta? Cem  pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, unidas por um  ideal comum, orarão como verdadeiros irmãos, filhos de Deus, e sua prece terá  mais poder do que a daquelas cem pessoas. (Veja Cap. 28:4 e 5.)
VÁRIOS  TIPOS DE PRECE
A prece sendo uma manifestação inteligente dos  sentimentos da criatura humana, pode ser catalogada em vários tipo. Assim, há  preces de pedido de reconhecimento, e de louvor. 
A de pedido é a que a criatura faz solicitando alguma  coisa. Na maioria das vezes, porém, é feita pedindo o que não deve. Quando de  interesse particular, deve se pedir, não o afastamento do sofrimento, do  problema ou da dor, mas, sim, condições e forças para superá-los e com eles aprender  alguma coisa. Às vezes o remédio é o sofrimento, e só porque ele é amargo, não  vamos deixar de nos beneficiarmos com ele. Quando o pedido é intercessório,  igualmente deve-se objetivar que as forças para enfrentar as dificuldades se  renovem e haja paz e tranqüilidade no trato com a dor.
A de  reconhecimento é feita com vista agradecermos as inúmeras benções de que somos  alvos e que nem sempre sabemos reconhecer. 
A vida, a saúde, a família, os amigos, o trabalho, enfim,  tudo que nos cerca e deixamos de observar e lhe dar o devido valor, porque nos  preocupamos somente com problemas materiais. 
A prece de louvor é o reconhecimento e exaltação a Deus  em tudo o que Ele criou. É a nossa aceitação e alegria por tudo o que nos  rodeia e que esta tão bem feito, tão justo, tão equilibrado. 
MANIFESTAÇÃO  NATURAL DA ALMA ELEVADA
Vimos que a prece tem vários tipos e pode ser utilizada  conforme as necessidades e objetivos, mas sempre será mais poderosa se partir  de uma alma elevada, de um espírito aperfeiçoado, de uma criatura de bons  sentimentos.
Os  espíritos que por vontade própria, por esforço pessoal, já conseguiram se  libertar das paixões animalizantes e dos interesses egoísticos da terra têm uma  atividade, sejam encarnados ou desencarnados, que se assemelha a uma prece  permanente. 
Os espíritos superiores cultivam a prece com naturalidade  e eficiência extraordinária, enquanto que nós ainda temos que nos esforçar para  que a nossa prece atinja o objetivo desejado.
Despojados da ignorância e da perturbação que o mal  engendra, nós aos poucos iremos descobrindo que pela prece conseguiremos muita  coisa em nosso beneficio espiritual e dos nossos semelhantes e acionaremos com  naturalidade o mecanismo de auxilio que ela nos propicia.
Por depender fundamentalmente da sinceridade e da  elevação da com que é feita devemos encarar a prece como manifestação  espontânea e pura da alma e não apenas como um repetir formal de termos  alinhados convencionalmente, de petitório interminável ou de formula mágica  para afastar o sofrimento que nos atinge.
(Emmanuel,  psicografia de Francisco Candido Xavier, Pão Nosso, cap. 109)
PRECE-  ATITUDE E FORMALISMO DA PRECE
Sendo a prece uma  manifestação da alma em busca da Presença Divina ou de seus prepostos, ela deve  ser despida de todo e qualquer formalismo. 
Atitude convencional, posição externa  em ritual são vestes dispensáveis ao ato de orar. Pela força do pensamento,  após estarmos concentrados, procuramos traduzir a nossa vontade com o melhor  dos nossos sentimentos por uma prece, que não deve ser formulada segundo um  esquema pré-fabricado. Deve traduzir o que realmente estamos sentindo, pensando  e querendo.
            Lembrar  que a prece é uma conversa com Deus ou com seus prepostos que nos servirão de  intermediários, já que é bastante difícil mentalizarmos o Pai (a não ser que  nos fixemos em seus atributos: Bondade, Justiça, Harmonia, Amor, etc.)
Tudo numa "conversa" deve nascer  espontaneamente segundo as necessidades e finalidades da mesma e, não, uma  repetição de termos que no mais das vezes são ininteligíveis para quem os  profere.
Ser precisa, objetiva e  robusta de sentimentos elevados. Estes devem ser cultivados sempre, porque não  aparecem como por encanto só nos momentos de oração.
A forma de nada vale, o  que prevalece é o conteúdo; a atitude é eminentemente espiritual, íntima. A prece  não deve ter nada de convencional (ajoelhar, colocar a Mao na testa, baixar a  cabeça, etc.) 
(Emmanuel, psicografia de Francisco  Candido Xavier, Pão Nosso, cap 108)
IMPORTÂNCIA  DA PRECE (LIVRO DOS ESPÍRITOS)
658 - A prece é agradável a Deus?
– A prece é sempre agradável a Deus quando é do coração,  porque a intenção é tudo e a prece do coração é preferível à que se pode ler,  por mais bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o  sentimento.  A prece é agradável a Deus  quando é dita com fé, fervor e sinceridade;   mas não acrediteis que Ele seja tocado pela prece do homem fútil,  orgulhoso e egoísta, a menos que signifique de sua parte um ato de sincero  arrependimento e verdadeira humildade.
659 - Qual é o caráter geral da prece?
– A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar  n'Ele; é se aproximar d'Ele; é se colocar em comunicação com Ele. Pela prece,  podem-se propor três coisas: louvar, pedir, agradecer.
660 - A prece torna o homem melhor?
– Sim, quem ora com fervor e confiança é mais forte  contra as tentações do mal, e Deus envia bons Espíritos para assisti-lo. É um  socorro nunca recusado quando pedido com sinceridade.
660   a  - Por que algumas pessoas que oram muito têm, apesar disso, um caráter muito  ruim, são invejosas, ciumentas, coléricas, não têm benevolência nem tolerância,  podendo ser, algumas vezes, até mesmo viciosas?
– O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas  pessoas acreditam que todo o mérito está no tamanho da prece e fecham os olhos  para seus próprios defeitos. A prece é, para elas, uma ocupação, um emprego do  tempo, não um estudo delas mesmas. Não é o remédio que é ineficaz, é a maneira  como é empregado.
661 - É válido orar a Deus para perdoar nossas faltas?
– Deus sabe discernir o bem e o mal; a prece não oculta  as faltas.  Aquele que a Deus pede perdão  de suas faltas apenas o obtém ao mudar de conduta. As boas ações são as  melhores preces, porque os atos valem mais do que as palavras.
662 - É válido orar para outra pessoa?
– O  Espírito daquele que ora age pela sua vontade de fazer o bem.  Pela prece, atrai bons Espíritos que se  associam ao bem que quer fazer.  Possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e  pela vontade, um poder de ação que se estende além dos limites de nossa esfera  corporal.  A prece em favor de outras  pessoas é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar os bons  Espíritos para ajudar aquele por quem oramos, a fim de lhe sugerir bons  pensamentos e lhe dar ao corpo e à alma a força de que tem necessidade. Mas a  prece do coração é tudo, a dos lábios não é nada.
            663  - As preces que fazemos  por nós mesmos podem mudar nossas provas e desviar-lhes o curso?
– Vossas provas estão nas mãos de Deus e há algumas que  devem ser suportadas até o fim, mas Deus tem sempre em conta a resignação.  A prece traz para junto de vós os bons  Espíritos que dão a força de suportá-las com coragem e fazem com que pareçam  menos duras.  Já dissemos, a prece nunca  é inútil quando é bem-feita, porque dá força àquele que ora, o que já é um  grande resultado. Ajudai-vos e o céu vos ajudará, sabeis disso. Aliás, Deus não  pode mudar a ordem da natureza à vontade de cada um, porque aquilo que é um  grande mal sob o vosso ponto de vista mesquinho e vossa vida efêmera é, muitas  vezes, um grande bem na ordem geral do universo. Além de tudo, quantos males há  dos quais o homem é o próprio autor por sua imprevidência ou por suas faltas! É  punido naquilo que errou. Entretanto, os pedidos justos são muitas vezes  atendidos mais vezes do que supondes. Acreditais que Deus não vos tem escutado,  porque não fez um milagre por vós, enquanto vos assiste por meios tão naturais  que parecem o efeito do acaso ou da força das coisas;  muitas vezes também, muitas vezes mesmo, Ele  vos suscita o pensamento necessário para, por vós mesmos, sairdes do problema.
664 - É útil orar pelos mortos e pelos Espíritos  sofredores? Nesse caso, como nossas preces podem levar alívio e abreviar seus  sofrimentos? Têm elas o poder de fazer abrandar a justiça de Deus?
– A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de  Deus, mas a alma para quem se ora experimenta alívio, porque é um testemunho de  interesse que se lhe dá, e porque o infeliz sempre encontra alívio quando almas  caridosas se compadecem de suas dores. De outro lado, pela prece, motiva-se ao  arrependimento e ao desejo de fazer o que é preciso para ser feliz; é nesse  sentido que se pode abreviar sua pena, se por seu lado ajudar com sua boa  vontade. Esse desejo de melhorar, animado pela   prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores que vêm  esclarecê-lo, consolá-lo e lhe dar esperança. Jesus orava pelas ovelhas  desgarradas e mostra, dessa maneira, que seríeis culpados de não fazer o mesmo  por aqueles que têm necessidade das vossas preces.
665 - O que pensar da opinião que rejeita a prece pelos  mortos em razão de não estar recomendada no Evangelho?
– O  Cristo disse: "Amai-vos uns aos outros". Essa recomendação ensina que o homem  deve empregar todos os meios possíveis para demonstrar afeição aos outros, sem  entrar em detalhes sobre a maneira de atingir esse objetivo. Se é verdade que  nada pode impedir o Criador de aplicar a justiça, da qual é a própria imagem, a  todas as ações do Espírito, não é menos verdadeiro que a prece que Lhe dirigis  em favor daquele que vos inspira afeição é um testemunho da lembrança que  tendes dele, e apenas pode contribuir para aliviar seus sofrimentos e  consolá-lo. A partir do momento
em que  ele sinta o menor arrependimento, é, então, socorrido; mas ele nunca ignora que  uma alma simpática se ocupou dele e lhe deixa o doce pensamento que essa  intercessão foi útil. Resulta disso, necessariamente, de sua parte, um  sentimento de reconhecimento e afeição por aquele que lhe deu essa prova de  amizade ou piedade. Dessa maneira, o amor que o Cristo recomendava aos homens  apenas aproximou-os entre si;  portanto,  os dois obedeceram à lei de amor e de união de todos os seres, lei divina que  deve conduzir à unidade, objetivo e finalidade do Espírito*.
            666 - Pode-se orar aos Espíritos?
– Pode-se orar aos bons Espíritos como mensageiros de  Deus e executores de Seus desígnios; mas seu poder está na sua superioridade e  depende sempre do Senhor de todas as coisas, pois sem sua permissão nada se  faz; por isso, as preces que lhes dirigimos são somente eficazes se são  agradáveis a Deus.
CONCLUSÃO/REFLEXÃO
Nós não poderíamos encerrar esta pesquisa, de outra forma senão através  de uma prece.
Encontrei neste pungente relato, elementos que nos remetem à reflexão do  que somos enquanto seres encarnados em busca da ascensão espiritual. Necessário  se faz que através do aprendizado e aprimoramento, entendamos que a vida não  está circunscrita ao mundo material. Que sobretudo,  é o mundo espiritual que nos rege, cabendo-nos  a tarefa de utilizarmos o nosso livre arbítrio em busca da reforma íntima e  aprimoramento espiritual, nos desapegando aos poucos dos bens materiais.  Através do Estudo da Doutrina Espírita aprendemos que tudo que "possuímos" são  dádivas divinas. Nada nos pertence em definitivo, pois a qualquer momento  poderemos perder tudo o que achávamos que era de "nossa posse".
Este relato foi feito por uma pessoa que tinha tudo para ser feliz como  se costuma dizer, mas que de repente verificou o quanto tinha sido omissa e  egoísta com relação às Bênçãos divinas que lhe foram oferecidas durante  toda a vida, fazendo uma narrativa da sua trajetória angustiante em decorrência  das enchentes que ocorreram em Santa Catarina em 2008 e ao ser mais uma vez  abençoado por Deus, coloca os fatos em forma de uma prece de Reconhecimento.
"COMEÇAR  DE NOVO 
Eu tinha  medo da  escuridão
Até que as noites se  fizeram longas e sem luz 
Eu não resistia ao frio
Até passar a noite  molhado numa laje 
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir  num cemitério 
Eu tinha rejeição de quem  era de Buenos Aires
Até que me deram  abrigo e alimento 
Eu tinha aversão a judeus
Até darem remédios  aos meus filhos 
Eu adorava exibir a minha  jaqueta nova
Até doá-la a um  garoto com hipotermia 
Eu escolhia cuidadosamente  a minha comida
Até que tive  fome 
Eu desconfiava da pele  escura
Até que um braço  forte me tirou da água 
Eu achava que tinha visto  muita coisa
Até ver meu povo  perambulando sem rumo pelas ruas 
Eu não gostava do cachorro  do meu vizinho
Até o ouvir ganir  até se afogar naquela noite 
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos  resgates 
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha  frente uma panela de arroz e crianças com fome 
Eu achava que a minha casa  era mais importante que as outras
Até ver todas  cobertas pelas águas 
Eu tinha orgulho do meu  nome e sobrenome
Até nos tornarmos  seres anônimos 
Eu não ouvia rádio
Até ser ele a manter  a minha energia
Eu criticava a bagunça dos  estudantes
Até que eles, às  centenas, me estenderam suas mãos solidárias 
Eu tinha segurança  absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto 
Eu vivia numa comunidade  com uma classe política
Mas, agora, espero que a  correnteza a tenha levado embora 
Eu não lembrava o nome de  todos os estados
Agora guardo cada um no  coração 
Eu não tinha boa memória
Talvez, por isso, não  lembre de todo mundo
Mas, terei, mesmo assim, o  que me resta de vida para agradecer a todos 
Eu não te conhecia
Agora você   é meu irmão. " 
Esta Lição de Vida deve calar fundo em  nossos corações. Certamente algumas daquelas pessoas atingidas pela tragédia já  refizeram as suas casas e retomaram a sua vida normal, mas esta reconstrução  deve vir acompanhada de mudanças nos valores materiais/espirituais e a Prece é um poderoso aliado nestas  circunstâncias.  A Prece nos encoraja, nos fortalece e vivifica , funcionando tal qual uma  lanterna que nos conduz em busca da espiritualidade.
Que Jesus  abençoe a todos nós.  
BIBLIOGRAFIA
O  Livro dos Espíritos - FEB
O  Evangelho Segundo o Espiritismo - FEB
Preces  do Evangelho Segundo o Espiritismo - Lake
Portal  do Espirito (site)
(Trabalho realizado por Elanir e Odyr)
Novembro/2009
Prezados irmãos,
Que o texto acima os incentivem a estudar, pesquisar e escrever. Não se  acanhem: vocês também podem transmitir conhecimentos sadios. Estudem, pesquisem  e façam suas partes com dedicação, paciência e amor. 
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