1) A MAIOR RESERVA DE ENERGIA DO CORPO SÃO AS VIBRAÇÕES QUE O ESPÍRITO EMANA
A maior reserva de energia do corpo são as vibrações que o espírito emana.
A todo momento as vibrações energéticas do espírito vibram no corpo denso e no corpo sutil.
Quando a mente está sintonizada com o espiritual a potência da energia do espírito é multiplicada.
A força da fé vem desta conexão.
Lembre-se: mesmo quando tudo parecer sem saída e em seu corpo não houver mais forças para lutar, o espírito estará firme e pronto para ajudar a mente a superar as barreiras.
Você é muito mais que seu corpo e sua consciência.
Regis Mesquita
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Dica de leitura: leia o capítulo do livro Nascer Várias Vezes chamado: "Problemas físicos, doenças, mudança de vibração e curas".
Lista com os nomes de todos os capítulos do livro Nascer Várias Vezes http://www.nascervariasvezes.com/p/o-livro.html
2) O poder da fé na saúde
Mesmo sem acompanhar a novela Caminho das Índias, da Rede Globo, algumas vezes me deparei, ao ligar a tevê, com cenas em que algum personagem declarava a outro que, por alguma atitude tomada, poderia reencarnar no corpo de algum animal. "Por estar mentindo aos deuses, poderá renascer como gafanhoto!" e "se você se matar, pode reencarnar como sapo" foram algumas delas.
Muitas frases ditas nesse sentido são feitas dentro de linguagens populares, como brincadeira ou até forma de ameaça didática, como sabemos, mas podem até gerar dúvidas nos menos informados. Afinal, o espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar-se em um animal?
A ciência e a religião podem ter seus pontos divergentes, porém algo é inegável: a espiritualidade traz muitos benefícios à saúde. A partir dessa constatação, muitos cientistas buscam explicações de como a interação entre a fé e a religião pode agir no corpo físico e emocional levando à melhora do bem-estar.
Pesquisas atuais mostram que as pessoas que frequentam serviços religiosos têm menor risco de morte no período de um ano do que aquelas que não os frequentam. Outra pesquisa aponta que as pessoas que acreditam em Deus e que Ele é bom e generoso melhoram seus quadros clínicos mais rápido do que aquelas que acreditam em um Deus punitivo.
A influência recíproca entre a espiritualidade e a saúde foi tema de uma das edições da revista americana Time. Na edição de fevereiro, 25 páginas discorreram sobre a biologia da crença, como o cérebro age nos momentos das práticas religiosas e entrevista renomados médicos que se dedicam ao estudo dos fenômenos religiosos e saúde. Aqui vemos alguns pontos de destaque da reportagem.
Fé e longevidade – A crença em Deus e a fé religiosa melhoram a saúde. Para comprovar essa afirmação, desde 1992 o demógrafo social Robert Hummer, da Universidade do Texas, tem como objeto de estudo as pessoas que frequentam serviços religiosos e seu bem-estar físico, social e emocional. Como resultado, as pessoas que nunca frequentaram algum tipo de atividade religiosa tinham risco duas vezes maior de falecer dentro de oito anos do que aquelas que frequentavam semanalmente. Outra análise semelhante foi feita pelo médico-cirurgião Daniel Hall, da Universidade de Pittsburgh: a frequência religiosa adiciona dois ou três anos à nossa vida. Essas verificações provam que o contato com algo maior possibilita que o nosso emocional e espiritual façam parte de um contexto, no qual a fé é um fator que propicia o bem-estar geral.
Na Universidade de Michigan, o sociólogo Neal Krause realizou uma pesquisa também abordando o quanto a religião é benéfica para as pessoas e concluiu que todos que pertencem ou frequentam alguma comunidade religiosa se beneficiam quando recebem apoio social. Mais ainda, que as pessoas que manifestam sentimentos de gratidão pelas coisas boas que lhes acontecem na vida têm um índice reduzido de apresentar quadros depressivos. E, em outro estudo, ficou claro para Krause que as pessoas que acreditam que suas vidas tenham um significado, um propósito, vivem mais tempo do que aquelas que não cultivam esse sentimento.
Poder da prece – Para muitos, o elemento da religião que mais se conecta com a saúde é a prece. Muitos teólogos acreditam no poder da chamada prece intercessória para curar os doentes, e vários cientistas já começam a prestar atenção a essa possibilidade. Desde 2000, mais de 6 mil estudos foram publicados sobre o tema. Alguns deles foram custeados pela Templeton Foundation, que tem como prioridade estreitar os pontos comuns entre a ciência e a religião.
Essa crença na prece intercessória não é nova: em 1872, Francis Glaton, antropólogo e matemático inglês que criou o conceito de eugenia e um dos decodificadores das impressões digitais, já considerava que os monarcas vivessem mais do que o resto da população, visto que milhões de pessoas rezavam pela saúde dos reis e rainhas todos os dias – claro que, talvez pela falta de regras alimentares e sedentarismo, nem sempre viviam tanto quanto e com a qualidade de hoje.
Após conversar com médicos que analisavam se o poder da prece poderia de fato curar pacientes, a socióloga Wendy Cadge, estudiosa da intersecção entre religião e Medicina na sociedade americana atual, começou a estudar as pesquisas feitas sobre a prece intercessória desde 1965, ano em que foram publicadas as primeiras pesquisas sobre o tema na literatura médica americana. Cadge avaliou 18 estudos conduzidos entre 1965 e 2006. No geral, esses estudos propiciam uma fascinante visão sobre a mudança no contexto demográfico religioso americano e a evolução de ideias sobre a relação Medicina–ciência médica. Os estudos feitos na década de 60 eram baseados exclusivamente na ótica protestante, enquanto os mais recentes refletem a pluralidade cultural que abraça outras crenças, compreendendo as religiões de origem cristã, judaica, budista, entre outras vertentes.
Também com um extenso artigo sobre a prece, fé e espiritualidade sob a ótica islâmica, o médico endocrinologista Shahid Athar, de Indianápolis, EUA, complementa: "Como devemos dispensar a bênção da espiritualidade aos nossos pacientes? Nós temos de ter tempo para ouvi-los. Devemos ser amigáveis e parceiros fiéis no cuidado da saúde. Devemos entender o que se passa em suas vidas, e isso inclui não apenas seus lares, mas também seus empregos e suas relações com outras pessoas. Nós devemos falar com eles sobre sua espiritualidade e tentar convencê-los de que Deus os ama – inclusive nos momentos mais desesperadores – e se preocupa com eles. Nós precisamos oferecer esperança, não apenas estatísticas sobre as probabilidades de resultados de tratamentos. Nós precisamos encorajá-los a rezar e rezar com eles ou para eles. Esses esforços serão notados. O paciente se sentirá motivado a melhorar. Estará mais propenso a aceitar resultados negativos, caso existam, e pode estar mais preparado para a hora final.
Autor: Giovana Campos
Fonte: Folha Espírita
3) Ter fé faz muito bem à saúde
Diversos estudos comprovam a eficácia da fé na recuperação da saúde
Uma das funções das crenças religiosas pode ser a de alterar a atividade do sistema imunológico
Muitos autores estudam as possíveis relações entre religião e saúde. Embora haja opiniões e conclusões díspares, o que serve para polemizar ainda mais o tema, observamos uma certa tendência na aceitação de que a fé e a religião melhoram a saúde.
Um estudo realizado por Byrd em 1988, concluiu que pacientes religiosos sob cuidados de uma unidade coronariana tinham uma evolução melhor durante o período de internação. Sicher e colaboradores em 1998, publicaram um estudo com pacientes portadores de AIDS avançada. Eles constataram que no grupo de pacientes religiosos, havia um menor número de doenças oportunísticas, menor severidade da doença, menos hospitalizações e dias de internações. Apesar de ter sido um estudo com apenas 40 pacientes, e portanto, não definitivo, é um importante fator de adição à eficácia da religião.
Pesquisa recente elaborada pela Universidade de Duke (EUA) comprova que pessoas que adotam práticas religiosas apresentam uma chance 40% menor de terem hipertensão arterial, são menos hospitalizadas, tendem a sofrer menos de depressão nas diversas fases do tratamento e recuperação, além de terem um sistema imunológico mais fortalecido.
Em uma grande revisão sistemática, com cerca de 11mil estudos, baseados na relação religião- saúde (300 estudos na saúde física e 800 estudos na saúde mental) , comprovou-se uma correlação positiva entre maior envolvimento religioso, melhor saúde mental e física, e menor utilização de serviços de saúde. Em uma amostra americana de cerca de 20 mil adultos, atribuiu-se ao envolvimento religioso um prolongamento no tempo de vida em torno de sete anos.
A mentalidade dos médicos e algumas condutas profissionais, envolvendo fé, espiritualidade e saúde precisarão ser revistas. Um estudo recente (2004) realizado pela Universidade de Ohio (EUA), com 798 pessoas, constatou que cerca de 85% gostariam de discutir sua fé com o médico e 65% deles esperavam compreensão desse desejo por parte dos doutores.
Os religiosos geralmente estão mais interessados na imortalidade de suas almas, do que na mortalidade de seus corpos. Alguns acreditam ser a morte um verdadeiro marco, levado ao extremismo em determinados cultos. Isso pode ser um fator de confusão também nos estudos envolvendo mortalidade e religião. Muito mais do que a melhora da saúde física em si, os médicos deveriam estar mais preocupados com a melhora da qualidade de vida. Um estudo realizado por Reyes-Ortiz comprova a melhora da qualidade de vida em idosos religiosos.
A verdade é que algumas pessoas espiritualistas quando ficam doentes, aumentam suas participações em comportamentos que possam melhorar sua saúde, inclusive através de cultos religiosos que ensinam hábitos de vida mais saudáveis, como largar o tabagismo e o álcool, evitando-se, dessa forma, o desenvolvimento de cânceres de pulmão, estômago, cavidade oral, faringe, esôfago, laringe e bexiga. A sensação de pertencer a um grupo social, mantém os pacientes amparados com melhoria significativa da qualidade de vida.
Por que a fé ajuda na recuperação da saúde?
Uma das funções das crenças religiosas pode ser a de alterar a atividade do sistema imunológico, prevenindo dessa forma o estresse. A alteração imunológica do indivíduo poderá levá-lo a maior propensão de apresentar doenças mediadas por fatores de imunidade. Um estudo concluiu que um aumento de interleucina-6 (fator imunológico) está aumentado no sangue de pessoas que não frequentam regularmente cultos religiosos, quando comparadas com pessoas praticantes. A interleucina-6, geralmente se encontra elevada no plasma de indivíduos submetidos ao estresse constante. Dessa forma, pessoas religiosas teriam mais "resistência" ao fatores estressores do dia-a-dia, ou seja, melhor adaptação psicológica.
As crenças ou atividades religiosas também podem produzir um estado de relaxamento do Sistema Nervoso Central (SNC), associado a uma diminuição da atividade do Sistema Nervoso Simpático, aumentando assim a resposta imunológica, e evitando-se dessa forma várias doenças picossomáticas. Por outro lado, estudos de neuroimagem recentes demonstram modificações significativas na produção de neurotransmissores com atuação em locais como o sistema límbico, que rege as emoções.
Benefícios da religião em relação à saúde
A religião pode melhorar a saúde promovendo práticas saúdáveis de vida, melhorando o suporte social, oferecendo conforto em situações de estresse e sofrimento e até alterando substâncias químicas cerebrais que regulam o humor e a ansiedade, levando-nos ao relaxamento psíquico. Portanto, a religião parece ser um fator psicossocial e até biológico benéfico na recuperação das doenças físicas e mentais.
Independente dos possíveis mecanismos, se indivíduos recebem benefícios à saúde através de práticas religiosas, essas devem ser incentivadas, respeitando-se a individualidade de crença, contribuindo dessa forma, preventivamente, contra uma série de doenças e amenizando o sofrimento de vários pacientes.
Não cabe ao médico prescrever uma religião em particular ao paciente, e sim, encorajá-lo em trabalhos espirituais de sua escolha. As nossas crenças religiosas não devem ser prescritas aos pacientes que atendemos. Porém, nunca devemos ignorar o aspecto importante e positivo que a religiosidade apresenta nas saúdes física e mental do ser humano. Quando os profissionais não souberem como lidar com essas questões religiosas, deve haver um encaminhamento para padres, pastores ou rabinos de acordo com a escolha religiosa do paciente.
Concluindo, em função do grande interesse na espiritualidade da população geral, deve-se incentivar pesquisas científicas de qualidade na área, despindo-se sempre de valores individuais e voltando-se sempre ao apoio da escolha religiosa do paciente. Posturas extremistas, por parte de alguns pacientes, devem ser desaconselhadas pelos médicos, porque não adianta em nada substituir um tratamento médico por apenas práticas espirituais. O correto é sempre a perfeita integração e união com a medicina tradicional.
Autor: Joel Rennó Jr
Fonte: UOL
4) A saúde entre a fé e a ciência
Antropólogo de Botucatu revela o pouco conhecido mundo dos hospitais espíritas, nos quais a medicina convencional divide espaço com a doutrina de Allan Kardec, com práticas como passes e sessões mediúnicas. Leia abaixo a entrevista a Pablo Nogueira
Durante três anos, o antropólogo Rodolfo Puttini, professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu, acompanhou o dia a dia de um hospital espírita no interior de São Paulo. Nesse lugar híbrido, a medicina convencional, com seus equipamentos, medicamentos e profissionais divide espaço com a doutrina espírita, com seus médiuns, passes, fluidos etc. Pelos serviços médicos convencionais que presta à população, recebe recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e não pode discriminar a religião de quem passa por sua porta. Mas é pelo tratamento espiritual que oferece, em caráter complementar e baseado na doutrina de Allan Kardec, que atrai tantas pessoas, muitas das quais vêm de longe, até de outros países da América do Sul.
Hospitais espíritas existem no Brasil desde 1950, mas cresceram muito em número nos últimos 30 anos, na esteira do movimento antimanicomial, que promoveu uma reorganização da assistência psiquiátrica, no sistema público de saúde, a partir da década de 1980. Puttini mergulhou nesse mundo em que a fé e a ciência convivem (não sem atritos) para fazer sua tese de doutorado, que deu origem ao livro Medicina e espiritualidade no campo da saúde, publicado pela Editora Annablume em maio.
Nesta entrevista, o antropólogo explica como funciona um hospital espírita e descreve os conflitos que observou entre os kardecistas e os profissionais de saúde adeptos de outras religiões, entre eles muitos evangélicos. Puttini analisa ainda o espaço cada vez maior que o SUS está destinando a linhas alternativas de tratamento, como homeopatia e acupuntura, e vê nisso um caminho que pode aproximar a prática clínica da dimensão espiritual, que é tão importante para os pacientes.
Unesp Ciência O que é um hospital espírita?
Rodolfo Puttini Um hospital espírita é uma qualificação para identificar um espaço de saúde distinto, híbrido. No interior dessas instituições médicas, terapias espirituais são praticadas por médicos ou enfermeiros convertidos à visão espiritualista do homem, geralmente praticantes da doutrina de Allan Kardec, o fundador do Espiritismo.
UC Por que estudar os hospitais espíritas?
Puttini O principal objetivo foi desvendar as razões sócio-históricas e institucionais desses hospitais, organizados no Brasil desde a época em que a doutrina espírita foi acolhida por médicos como alternativa e também como forma de resistência à ciência. Durante muito tempo essas práticas terapêuticas foram perseguidas pela polícia. Mas conseguiram se preservar atuando de modo organizado, paralelamente às instituições criadas pela medicina. Formaram uma tradição médica espiritualista que se institucionalizou em nossa sociedade.
UC No que eles se diferenciam dos hospitais laicos?
Puttini O hospital espírita que estudei possui os mesmos equipamentos médicos de um hospital geral pequeno, médio ou de grande porte: quartos, leitos, enfermarias, consultórios, em alguns casos até UTI, onde atuam profissionais de saúde. As terapias espirituais são oferecidas como recurso complementar às terapias médicas convencionais. Há também palestras, passes e água fluidificada, coisas que são tradicionais nos centros espíritas. E há reuniões mediúnicas que funcionam como um recurso diagnóstico e terapêutico para as doenças espirituais. O tratamento médico costuma estar vinculado do tratamento espírita, mas nem sempre.
UC A quem esses hospitais atendem? Somente a espíritas?
Puttini Eles são reconhecidos pelo poder público como entidades filantrópicas e de benemerência social. Funcionam desde os anos 1950, mas sua atuação cresceu entre as décadas de 1970 e 1990, principalmente no Estado de São Paulo. Ganharam notoriedade com o movimento antimanicomial, que promoveu uma gradual reorganização das instituições psiquiátricas no país a partir dos anos 1980. Esse movimento levou à redistribuição de pacientes por uma rede de instituições de pequeno e médio porte no interior paulista, entre as quais os hospitais espíritas. Hoje, os leitos que eles têm destinados ao atendimento e serviços ambulatoriais são usados preferencialmente para os pacientes do SUS. No caso do atendimento aos adeptos da religião, esses devem ser vistos primeiramente como cidadãos brasileiros, cujos direitos estão assegurados por lei para usufruir os equipamentos de saúde daquele município. Atendem também a pacientes de outros países da América Latina, como constatei na pesquisa.
UC Na história do movimento espírita no Brasil existem alguns nomes famosos ligados a temas da área médica. Um deles é o médico Bezerra de Menezes, que foi uma liderança espírita do final do século 19. Outro é o médium Chico Xavier, que tem vários de seus livros atribuídos a um suposto médico, André Luiz. Que impacto essas personalidades tiveram nesta aproximação entre medicina e espiritismo que vemos no Brasil?
Puttini A literatura espírita influiu para a conformação da ideologia de uma "ciência espírita". Mas foi com a proposta de uma medicina espiritualizada que os adeptos da religião mais se aproximaram de uma "medicina científica espírita". Essa medicina surgiu com uma proposta de Bezerra de Menezes, que estruturou os ideais de uma psiquiatria espiritualizada, que levava em conta a doutrina dos espíritos. Eu descrevo no livro esse percurso da cosmovisão espírita, incluindo Chico Xavier, que se desdobra na cosmologia médico-espírita. Obteve-se dos escritos psicografados de André Luiz um norte para a cosmologia "científica" médico-espírita lançar-se institucionalmente, como organização corporativa médico-religiosa. Nessa nova fase brasileira do espiritismo, a revelação religiosa organizada por Allan Kardec ganhou aspectos mais apurados de cientificidade na ordem médica.
UC Parte de sua tese consistiu numa pesquisa etnográfica num hospital espírita no interior de São Paulo. Você viu algum caso de cura?
Puttini A fim de obter uma descrição etnográfica das terapias espirituais no hospital espírita, acompanhei o desenrolar de um caso de cura de um interno de nome Silva. Embora não tenha presenciado a cura desde a data de sua ocorrência, observei o desdobramento de uma indubitável atmosfera de conflito de valores, religiosos e científicos.
UC Como assim?
Puttini Os profissionais de saúde, em sua maioria, diziam que a cura de Silva foi resultado dos cuidados técnicos da enfermagem. Teria sido essa a causa de sua recuperação, após ele passar sete meses internado na UTI, com inanição. Os espíritas, entretanto, acreditavam que [o espírito de] Silva havia se manifestado numa reunião mediúnica e, depois de ter sido orientado a não praticar o suicídio, prometeu sair por si mesmo do estado de inanição, e deixou a UTI no dia seguinte. Estava instalado um conflito de valores camuflado durante anos, por meio de um caso de cura, ora descrita como religiosa, ora como biomédica. Nem todos os profissionais adeptos de outras crenças, como católicos e protestantes, acreditavam na cura espiritual de Silva, porque não partilhavam de dogmas como a reencarnação ou a manifestação dos espíritos. O caso transformou-se em um bem simbólico de negociação nos conflitos e consensos desenvolvidos durante a negociação de um espaço terapêutico espírita.
UC No livro, você ressalta o fato de que nem todos os trabalhadores e funcionários do hospital são adeptos da religião espírita. Você identificou conflitos devido a diferenças de crenças?
Puttini No hospital espírita, os dogmas do espiritismo influem sobre membros da comunidade hospitalar, como funcionários, dirigentes, profissionais de saúde, pacientes, familiares etc. Mas nem todos são espíritas. Aliás, constatei na pesquisa que a maioria dos funcionários era principalmente de evangélicos. Não sei dizer o porquê desse paradoxo. Realmente parecia estranha a existência de tantos funcionários com convicções religiosas diferentes do espiritismo, mas é o que ocorria. Essa configuração resultou em conflitos profissionais com a terapêutica espírita, quando aplicada fora dos espaços destinados às terapias espirituais. Em uma situação, algumas funcionárias, denominadas pajens, receberam a orientação de fornecer água fluidificada aos pacientes em seus leitos. Elas eram, em sua maioria, evangélicas. Não obedeceram, em função de suas crenças religiosas.
UC Certos conceitos que são importantes para os espíritas, como reencarnação, mediunidade, fluidos etc. são totalmente ignorados pela medicina de base científica, que adota uma abordagem "materialista" do ser humano. Como as duas cosmovisões se articulam no hospital espírita? Não há conflitos?
Puttini Certamente, as cosmovisões materialista e espírita são conflitantes em qualquer espaço terapêutico da saúde, porque são conflitantes as visões de mundo que as pessoas carregam sobre a vida, a saúde, a doença e a morte. Usando ainda como exemplo o caso Silva, pode-se afirmar que aqueles com convicções médicas materialistas não aceitavam a cura espiritual, e não aceitariam em quaisquer outras circunstâncias. Mas também tive a oportunidade de encontrar pontos de consenso nas visões de mundo dos vários profissionais de saúde, por exemplo, em relação ao conceito de vida. Na cosmovisão materialista, a vida segue o conceito científico, de vida biológica tão somente. Não tenhamos dúvidas que as normas biológicas podem controlar a normalidade e a patologia dos corpos humanos, cujos parâmetros determinam uma medicina científica. Não tenhamos dúvidas do progresso da biomedicina. Entretanto, não me parece que a clínica médica deva ser incentivada para a prática exclusivamente biomédica, em que todo o processo, do diagnóstico à terapêutica, é padronizado e normatizado pelas indústrias farmacêuticas, que são conglomerados interessados no conhecimento da saúde com base nas doenças. Na verdade, o que vemos na ideologia científica é a crença de que a ciência é a única forma de explicação para os fenômenos do mundo. A única cosmovisão que pode e deve dar conta da totalidade dos fenômenos da natureza. O dogma principal na cosmovisão materialista é que tudo se explicará um dia, dadas as circunstâncias e condições materiais da natureza dos corpos, tão somente. Essa postura se iguala, no meu entendimento, a um estado de espírito dogmático, como ocorre no estado de fé religiosa, onde a crença se materializa por certos preceitos rituais.
UC Como esses hospitais estão em atividade em nosso país há mais de cinco décadas, pode-se dizer então que o Brasil está na vanguarda em termos de aproximação entre a medicina e a espiritualidade?
Puttini Sim e não. Nos Estados Unidos existem instituições como o Center for Spirituality, Theology & Health, da Duke University, que dedicam recursos financeiros e intelectuais para pesquisa científica dos fenômenos relacionados ao tema medicina e espiritualidade. Já nas escolas médicas brasileiras, os assuntos de religiosidade e espiritualidade são tópicos pouco valorizados no currículo médico ou na formação dos profissionais de saúde. Podemos afirmar que, sim, há uma vanguarda em termos da cosmovisão espírita. Entretanto, haverá grande resistência se a corporação médico-espírita exigir um espaço educacional nas escolas médicas brasileiras a fim de abordar uma educação médica diferenciada, que inclua as nosologias [parte da medicina associada à classificação das doenças] espiritualistas entre os conhecimentos da psicologia e da psiquiatria.
UC Você acredita que esta combinação de diferentes metodologias de atendimento que se vê nos hospitais espíritas poderia ser adotada em outras instituições públicas de saúde?
Puttini Vejo uma tendência, no sistema de saúde brasileiro, de incorporação de diversas abordagens e racionalidades médicas nos espaços das unidades básicas de saúde. Isso inclui medicinas alternativas e integrativas, por exemplo, a homeopatia e a acupuntura. Mas deve-se atentar para o longo percurso que foi necessário para o reconhecimento social dessas práticas integrativas. Há também um interesse decisivo por parte da academia em estruturar a oferta desses serviços com base nos princípios do SUS, por meio das escolas médicas e dos programas de saúde coletiva. Acredito que as possibilidades de implantação dos espaços terapêuticos híbridos são reais nessa nova configuração de atenção à saúde. Na conclusão do livro até sugiro uma forma de superação do complexo conflito socio-institucional: distinguir o uso conceitual entre assistência espiritual, religiosidade e espiritualidade.
Revista Unesp Ciência
http://www2.unesp.br/revista/?p=5428
5) SIM, OS ESPÍRITOS DE LUZ ATUAM PARA AJUDAR QUEM SEGUE SUA MISSÃO DE VIDA
"Entretanto, graças à proteção e à assistência dos bons Espíritos, que sem cessar me têm dado provas manifestas de sua solicitude, sou feliz em reconhecer que não tenho experimentado um único instante de desfalecimento nem de desânimo, e que tenho constantemente prosseguido na minha tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a malevolência de que era alvo. Segundo a comunicação do Espírito Verdade, eu devia contar com tudo isso, e tudo se verificou." - Allan Kardec
Fonte: https://www.facebook.com/nascervariasvezes
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