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A Lágrima de um Poeta


A Lágrima de um Poeta

O poeta serenamente observava a multidão passando 
Ocupados sem saber qual o destino de suas pretensões 
Seguiam as pessoas sonambulamente pelas calçadas perambulando 
Instigados por uma força desconhecida, imersos em suas temporárias preocupações 

Catatônicos espasmos físicos empurravam os corpos mecanizados 
Enquanto o poeta se questionava com entranhável fervor 
Como podem seres tão esbeltos, admiráveis e estilizados 
Andarem deslustrados, sequiosos do imanente néctar do amor? 

Será que eles olvidaram da excelsitude de suas naturezas 
Como se um cubo de açúcar tivesse esquecido que sua essência é doçura 
E por esta falsa perceptividade peregrinasse extraviado por remotas veredas 
Tentando encontrar a resposta que findasse sua errônea amargura? 

E outras dúvidas avassalaram o pensamento do observador poeta 
Porque será que eles se arrastam autômatos sem intercambiarem um singelo olhar? 
Como se fechassem a janela da alma, cujo anseio é estar fraternamente aberta 
Para que a felicidade do coração alheio possa sempre lhes visitar 

E porque a cortesia, esta fascinante molécula recheada de delicadeza 
Parecia ter cedido seu espaço à inexplicáveis atos de solitárias individualidades 
Que açoitavam qualquer tentativa de relações com ávidos golpes de rudeza 
Que severamente suprimiam a congênita ânsia humana de viver na coletividade? 

E onde andava a inata manifestação da venerável solidariedade incondicional 
Que é a inexprimível representação da esperança que energiza as interações 
Arquiteta da humana coesão que transforma a passagem numa aventura terrenal 
Que energiza a alma, inspira a vida e materializa todas as augustas visões? 

Absorto, suspeitoso e descrente de que uma indesejável e contraditória transformação 
Havia invadido, corrompido e desvirtuado o âmago da existência humana 
Inconscientemente o poeta se viu em sôfregos prantos e um indelével aperto no coração 
Pois a resplandecência do homem tinha sido ocultada por uma desprezível lama 

E a compaixão que sentiu o poeta, jorrou, em forma de lágrimas, desde sua essência 
As quais desabaram pelo rosto num devastador vôo que se esborrachou no chão 
Que ao tocar o solo, transformou-se numa visionária onda de benevolência 
Que se espalhou por todos os cantos, obsequiosamente penetrando toda a criação 

E os seres, que antes mecanicamente vagavam, despertaram do condicionado sono 
E dos seus olhos, emanou o fulgor característico da grandiosidade que os manifestou 
De seus lábios fluíram versos que aos ouvidos soavam dulcíssimo 
Enquanto que dos atos, um afável desejo de intercâmbio e apoio mútuo os cativou 

E aquele que, outrora, cobiçosamente labutava para exaltar seu limitado egocentrismo 
Compartilhou toda a sua força moral e ativa no progresso de sua comunidade 
Enquanto outros que haviam guiado suas condutas por escusados artificialismos 
Visualizaram em cada detalhe da manifestação, a divina consangüinidade 

E o poeta que, ainda sereno, contemplava o sublimável poder de uma lágrima 
Naquele momento, entendeu que o sincero e inspirado desejo de apenas um coração 
Possui a magia de transformar o quotidiano numa inigualável obra-prima 
Onde cada ser, cônscio de sua essência, segue impassível pela longânime senda da evolução 

Então o poeta, com a alma deleitosamente transbordando felicidade 
Vagou pelas gloriosas ruas, mansamente caminhando em direção ao lar 
Usufruindo de cada molécula da alegria, virtude, esperança, paz e fraternidade 
Que a nova aurora, por meio de uma lágrima, fez no homem despertar. (Tadany – 22 06 08) 

PS: Para citar este Poema: 
Cargnin dos Santos, Tadany. A Lágrima de um poeta . www.tadany.org ® 





A corrupção é primogênita da nossa passividade, minha e tua. Precisamos aceitar o nosso dever de cidadãos para mudar as nefastas realidades que assolam a nossa pátria. (Tadany)
Tudo é mental. Nada existe além de nossa Consciência. (Tadany)
A arte é o orgasmo contínuo da Inteligência. (Tadany)

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