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Re: o curso de surrealismo (oba!)/ poema para ler com voz calma

 
Valeu por lembrar, Willer! Acabo de fazer a solicitação.
 
Faz tempo que não participo aqui com novos poemas
e havia dito ao Willer que anotava uns encontros amorosos
mui inspirado na pegada de suas "Estranhas Experiências".
 
Tento tirar o atraso mando um pequeno ciclo deles:
 
 

OITO ADORMECIDO

 

Será assim

                        Dois espelhos

                                               Fixos um no outro

Quando

            Moles

                                   Os alicerces conseguirem

                        Palácio e planície se abraçarem

Virá detrás

            Com o prazer

                                   Furioso

                        De abrir janelas

A mão na nuca

            E o hospício dos lábios

É fatal que se confundam

                        Afiados pela escuridão

Assim se dá de beber às estátuas

            No primeiro beijo

            Do primeiro homem

                        Na face da terra

O vidro ao se despedaçar

            E ainda preso um ao lado do outro

                                                           Em pleno ar

 

 

SEM TÍTULO

 

O céu balança sua cabeleira

                                               Naquela casa

A boneca é a última sobrevivente

                        Treme ao trazer na bandeja

O martelo de luz

            Furto de minha imaginação

A onça ronda

Entre o cálculo e o círculo

                        A rocha e a cartilagem

Todos serão expulsos

                                    Como quando nascemos

Mas o relâmpago persistirá

De longe

            A chama é lenta

                                   A sirene

                                               Suave

Pois a nuvem desenha a luz do mundo

            De cada olho seu

                                   Negro como um gato

Pinga o sangue

            Branco como o barulho

A água faz a mão cintilar

                                   E ela mergulha

Quando a cortina sofre seu corte

                                   A tempestade encosta sua garra

Neste ombro

 

 

LÍQUIDA COMO A ESTAÇÃO

 

O desafio bate nas têmporas

Serei mais um?

                        Não

                                   Sou único

O pão inventa seu forno

            Quando for dividido

Pomba de teu aroma

                                   A ganhar o mundo

Fui atravessado pelo trem

Os pés

            Ainda

No ar

Fui levado como os livros

            (Com quantos eu não fiz isso)

Das bibliotecas públicas

                                    Para outra mesa

Nova casa

            Sem ler uma página sequer

Apenas para tê-los

                        Por perto

E cada vez mais

Minha voz

            À procura de tuas palavras

De seu azul dourado

                        É o som do sol

Ou ele se fará sozinho

Ou nunca virá

                        O leão do sol

Por entre as mãos

            Ele bebe a vida

                                    Verso da aventura

E o metal se ilumina

Lips like sugar

            Lata em repouso no corrimão da ponte

                        Dela

Um homem olha

                                   Fixamente

Para baixo

            Precisa causar uma confusão maior ainda

Naquela casa abandonada

                                   Seu coração

Se a porta se rompe

                        Numa determinada altura

A maçã deve ser mordida

            Mais uma vez

 
 

UMA PIMENTA ENTRE OS LÁBIOS

 

Estávamos em vagões vizinhos

Ninguém suspeitaria

Água e azeite no cálice da rua

E agora teu cheiro debaixo da minha unha

 

Natural se um esbarrasse no outro

Balbucio adentrando a casa ao lado

E o eixo da terra se desloca um pouco mais

Como se fosse por nossa causa

 

Era um bom motivo para a concha da pele

Uma praia visitada de tempos em tempos pelas mãos do mar

Elas alcançam aquela cama

Nos devolvendo o melhor cansaço

 

Para não esquecer

Havia escrito ACASO na borda da mão

Um tanto atrasado mas não tanto

Pois as cartas que fiz não foram em vão

Nossas peças íntimas moveram a máquina deserta como uma larga avenida

No Peppers

No teu ombro

 

Os bares apontam a verdade

Éramos dois fodidos em plena madrugada quando as flores tiram férias

Mas o sangue é a mais profunda irmandade

 

Sou a prova viva

A coincidência não é uma coincidência

Somos o número por decifrar debaixo da mesa

Lápis escolhido no continente

Somos proibidos

E a fonte nos beberá

 

Como você

Ainda dormindo debaixo da minha unha

 
 

Aquele abraço nos "poetas moços do mundo",
E até agosto!
Paulo
http://poenocine.blogspot.com/


--- Em qua, 27/7/11, Claudio Willer <cjwiller@uol.com.br> escreveu:
 

De: Claudio Willer <cjwiller@uol.com.br>
Assunto: o curso de surrealismo
Para: ocorpoeapoesia@yahoogrupos.com.br, poesiaecidade@yahoogrupos.com.br, oficinadepoesiacidades@yahoogrupos.com.br, poetasmalditos@googlegroups.com, oficina_literaria_IMS_2008@yahoogrupos.com.br, universodapoesia@googlegroups.com, oficina_literaria_biblioteca_2009@grupos.com.br, estudossurrealistas@yahoogrupos.com.br, Oficina_Surrealismo_2008@yahoogrupos.com.br, curso-geracao-beat@googlegroups.com, surrealismo-poetica-e-poesia@googlegroups.com, poetasmalditoswiller2010@yahoogrupos.com.br, oficinaliterariausp@googlegroups.com
Data: Quarta-feira, 27 de Julho de 2011, 21:15

Meus caros,

Novamente, o curso de surrealismo no Museu da Língua Portuguesa. Nada mudou. Mas estou reapresentando o link do anúncio desse meu curso, que havia sido postado a 21 de junho (o tempo passa!).

http://claudiowiller.wordpress.com/2011/06/21/surrealismo-rebeliao-expressao-e-criacao-um-novo-curso/

Ainda há vagas (poucas) (bem poucas). Mas combinei de acrescentar novas vagas, pois sempre, infelizmente, há alguns que se inscrevem e não comparecem. Por isso, pediria aos que se inscreveram mas não poderão vir que avisem aos organizadores, assim reabrindo vagas.

E mantenho o convite aos demais. Será um prazer (re)encontrá-los. 

abraços

 

Claudio Willer

cjwiller@uol.com.br

http://claudiowiller.wordpress.com/

 

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