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@ " ESSÊNIOS, A DOUTRINA DO DESERTO ... 2ª PARTE ... ( RAFAEL KENSKI & DUDA TEIXEIRA ) !!!

 
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de tu

Essênios



A Doutrina Do Deserto


"Eles respeitavam a vida acima de tudo,
 escreveram os mais antigos textos bíblicos e influenciaram o Cristianismo"

Com vocês, os Essênios...

Diferentemente dos demais judeus, a comunidade usava um calendário solar de 364 dias, inspirado no egípcio. O primeiro dia do ano e de cada mês caía sempre em uma quarta-feira, porque, de acordo com o Gênesis, o Sol e a Lua foram
criados no quarto dia.

O calendário diferente trouxe vários problemas para os essênios. Outros judeus poderiam atacar o monastério no shabbath ­ o dia sagrado reservado ao descanso, no qual era proibido qualquer esforço, inclusive o de se defender. 
    A correta observação das regras garantiria a salvação dos essênios quando chegasse o apocalipse, que seria a vitória dos puros "filhos da luz" contra os "filhos das trevas". No mundo essênio, aliás, tudo era dividido segundo uma visão maniqueísta que tornava possível até mesmo determinar quantas porções de luz e de escuridão cada um possuía.

Um sectário de dedos rechonchudos, coxas grossas e cheias de pêlos teria oito porções na casa das trevas para uma de claridade. No mesmo manuscrito, um outro membro obteve um placar mais favorável. Por ter olhos negros e brilhantes, voz suave, dentes alinhados, dedos longos e canelas lisas seu espírito foi condecorado com oito partes de luz para uma de trevas. Para os essênios, a beleza do corpo também era sinal de pureza espiritual. 
    Graças a essa organização toda, Qumran produzia tudo de que precisava. A dieta era vegetariana. Os essênios tinham um enorme respeito pela natureza. Nenhum homem poderia sujar-se comendo qualquer criatura viva. A regra permitia uma única exceção. Eles podiam comer peixe, desde que fosse aberto vivo e tivesse seu sangue retirado. As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento.

 Eles possuíam pomares e hortas irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas e "vinho novo", um extrato de uva levemente fermentado. No shabbath, os sectários deveriam passar o dia inteiro em jejum.

Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada. 
    A água também era canalizada para os banhos rituais, que eles tomavam duas vezes ao dia para se redimir dos pecados e das impurezas do corpo. O ritual consistia em relatar todas as faltas e então submergir. "Essa prática influenciou o batismo e a confissão dos católicos", diz a historiadora Ruth Lespel, da Universidade de São Paulo. Outro ponto em comum entre os essênios e o catolicismo seria a figura de São João Batista, o profeta que batizou JESUS Cristo. O santo promovia batismos no Rio Jordão numa região próxima a Qumran. Sua postura messiânica era muito próxima à dos essênios. Há quem acredite que, quando foi batizado, JESUS teria visitado o monastério.
Há outras relações entre essênios e cristãos. "Existem passagens dos Manuscritos do Mar Morto, aqueles encontrados em 1947 nas cavernas de Qumran, que soam como as do evangelho cristão", afirma James Vanderkam, da Universidade de Notre Dame, Estados Unidos.

Traços da doutrina dos primeiros seguidores de JESUS ­ como o elogio de uma vida humilde, a proibição do divórcio e a invocação a DEUScomo um  pai ­ têm ressonância na fé de Qumran.


Quanto a JESUS, apesar das descobertas e polêmicas levantadas por Ouseley e Szekely, não há nos manuscritos encontrados nas cavernas do Mar Morto uma única menção a ele. É por isso que a maioria dos pesquisadores duvida da teoria de que JESUS tenha se aproximado dos essênios.  Jesus pode ter recebido influência das mais diversas correntes do judaísmo, inclusive deles. "Mas não dá para garantir que ele tenha freqüentado uma de suas comunidades."
Afirmar que JESUS se alimentava apenas de vegetais é ainda mais complicado. "Eu duvido muito que Cristo tenha sido vegetariano, pois ele celebrou a páscoa judaica, que envolve alimentos como ovo, patas de cordeiro e frango", diz Vanderkam. Fernando Travi, líder da pequena igreja essênia do Brasil, tem um ponto de vista oposto ao de Vanderkam. "Cristo pregava o amor a todos os seres vivos e não matava animais para aliviar a sua fome", afirma.

Assim como ele, os seguidores de Szekely e Ouseley duvidam da veracidade das passagens do Novo Testamento em que JESUS se alimenta de carne. Eles acreditam que essas histórias não passam de invenções criadas pelo apóstolo Paulo, já na segunda metade do século I.

A doutrina do vegetarianismo não seria bem recebida pelos judeus, acostumados a fazer sacrifícios e a comer carne, e Paulo teria modificado os evangelhos para tornar o cristianismo mais popular. Um exemplo dessas alterações estaria na passagem do Novo Testamento em que JESUS multiplica pães e peixes para alimentar uma multidão. O Evangelho dos Doze Santos, encontrado por Ouseley traz uma outra versão desse milagre, na qual os peixes são substituídos por uvas.
No ano 68 o monastério de Qumran foi aniquilado numa devastadora investida do exército romano que arrasou a Judéia e destruiu Jerusalém. O ataque era dirigido principalmente aos judeus zelotes, que se insurgiram contra o domínio romano. Qumran, que não era nenhuma fortaleza, foi presa fácil para as legiões do César. Mas nem todos os essênios morreram aí.
Alguns fugiram para Massada onde, aí sim, no ano 73, descobriram o que é um final trágico. O esconderijo, uma fortaleza zelote ao sul de Qumran, localizada no alto de uma colina, parecia impenetrável. Mas 15 000 romanos fizeram um cerco que durou dois anos e metodicamente construíram uma rampa de terra e areia para alcançar o topo da fortaleza. Quando os soldados finalmente invadiram Massada tiveram uma surpresa: todos os 1 000 rebeldes estavam mortos.

Em um sorteio, os zelotes haviam escolhido um grupo de soldados para assassinar todos os habitantes da fortaleza e, em seguida, cometer suicídio. Eles preferiram morrer entre os judeus a se tornar escravos dos romanos. Sobraram para contar a história apenas duas mulheres e cinco crianças, que haviam se escondido nos reservatórios de água.

O episódio foi relatado por Josefo e provou ser verdadeiro em 1965, quando arqueólogos pesquisaram a região. Eles acharam as marcas dos oito acampamentos romanos e pedaços de cerâmica com inscrições dos nomes dos zelotes, utilizados no dramático sorteio.
Segundo Josefo, os essênios existiam em grande número em diversas cidades da Judéia. Mas algumas variações da seita podem ter ocupado regiões ainda mais distantes. Uma comunidade egípcia do século I, os terapeutas, possuía um modo de vida semelhante ao da seita de Qumran e a mesma divisão entre luz e trevas. Também é possível que ebionitas e nazarenos, duas das primeiras seitas cristãs, sejam descendentes dos essênios.

 Há quem acredite que os nazarenos formaram uma grande comunidade em Monte Carmel, no norte da Israel atual, que seguia os ensinamentos de Qumran, mas com algumas diferenças. As regras seriam muito próximas daquelas encontradas nos escritos de Szekely e Ouseley. Ao contrário de Qumram, eles não praticavam o celibato e até mesmo formavam famílias. Fanáticos pelo princípio de amar todos os seres vivos, eram muito mais rigorosos em relação ao vegetarianismo: não comiam peixes nem matavam os vegetais para comer (comiam folhas de alface, por exemplo, sem arrancar o pé!). 
 "Eles viviam em tendas, que mudavam de lugar freqüentemente, pois construções permanentes matariam a relva", afirma Fernando Travi. Ele acredita que JESUS, apesar de ter passado por Qumran, viveu muito mais tempo em Monte Carmel.

 A região em que teria existido essa comunidade está próxima ao local em que JESUS nasceu e realizou muitos de seus milagres. Afirma também que Cristo não era conhecido como "JESUS de Nazaré", mas sim como "JESUS, o Nazareno".
Algumas dessas comunidades essênias existem, de certa forma, até hoje. Na região  sul do Iraque e do Irã, cerca de 38 000 pessoas, os mandeans, mantêm uma tradição muito semelhante à doutrina essênia. Eles afirmam ser seguidores de João Batista e praticam o batismo. Sua origem, no entanto, ainda não é de todo compreendida. No Ocidente, o essenismo surgiu com a divulgação dos escritos de Szekely e Ouseley. Na sua época, Szekely quase abandonou seus planos de difundir a doutrina quando a tradução rigorosa e detalhada que fez do segundo volume do Evangelho Essênio da Paz não contou com a aprovação de um amigo seu, o escritor Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo. "Isto está muito, muito ruim", disse-lhe Huxley, "é até pior do que o mais chato dos tratados enfadonhos dos escolásticos, que ninguém lê hoje em dia." Szekely ficou sem fala. Huxley continuou: "Faça-a literária, legível e atraente para os leitores do século XX. Tenho certeza de que os essênios não falavam uns com os outros em notas de pé de página".

 A crítica abalou Szekely e ele pôs de lado o trabalho durante muito tempo. Mas, anos mais tarde, seguiu o conselho do amigo e reescreveu o manuscrito inteiro em linguagem contemporânea, mais coloquial. Foi um sucesso. O livro, publicado em 1928, já foi traduzido para dezenas de línguas e vendeu milhões de exemplares em todo o mundo.

Com o respaldo editorial, Szekely construiu em 1940 um spa no México onde praticava tratamentos com base nas práticas essênias. Cerca de 350 000 pessoas já se hospedaram no chamado Rancho La Puerta nos seus sessenta anos de existência. Até hoje, muitas pessoas vão ao lugar em busca de um estilo de vida baseado nos ensinamentos de Szekely, que inclui exercícios, meditação e, principalmente, dieta vegetariana.
A alimentação possui um papel central na doutrina encontrada nos evangelhos de Szekely e Ouseley. Ao afirmarem que JESUS era frugívero, ou seja, que ingeria apenas alimentos que não significavam a morte de nenhum ser vivo, como folhas e frutos, eles pregam que as refeições devem ser um momento de compaixão e comunhão com DEUS.

 O contato com a natureza é essencial. Tanto que os novos essênios  possuem uma planta em todos os cômodos de sua casa.
Os essênios permanecem como um assunto vivo. Os pergaminhos e evangelhos que eles deixaram são exaustivamente estudados por cientistas e religiosos do mundo inteiro. Seus ensinamentos recrutam milhares de fiéis e, qualquer que seja a relação que mantiveram com Cristo, deixaram, sem dúvida, sua influência impressa no coração e na mente do cristianismo.

Fim...


**Por Rafael Kenski

e Duda Teixeira* 

www.espacoholistico.com.br/

 

 

 

Beijos

Cida!!!

 


 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

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